Desbloqueando o potencial das hidrovias na região de Santos: uma nova fronteira para o crescimento sustentável
A Região de Santos, parte da dinâmica Região Metropolitana da Baixada Santista, está emergindo como um ponto focal estratégico para o desenvolvimento do transporte aquaviário no Brasil. Com uma população de aproximadamente 1,6 milhão de pessoas espalhadas por apenas 2.373 km², a região desempenha um papel descomunal na economia do estado, contribuindo com quase 3,7% do PIB de São Paulo e empregando mais de 266.000 pessoas. Agora, os líderes locais e nacionais estão se unindo para aproveitar os 42 quilômetros de hidrovias navegáveis da região para impulsionar ainda mais a integração entre condomínios industriais integrados a portos fluviais, reduzir o congestionamento e promover a inclusão econômica.
No recente lançamento de uma iniciativa de desenvolvimento voltada para a infraestrutura hidroviária, o prefeito Rogério Santos ressaltou a urgência de investir nesse modal de transporte. Ele enfatizou que, embora o transporte aquaviário já esteja funcionando nas travessias em Santos, em suas conexões metropolitanas, a escala deve ser expandida para atender às crescentes demandas intermunicipais. "Na entrada de Santos, pela Rodovia Anchieta, passam mais de 15 mil caminhões diariamente, com tráfego intenso", observou o prefeito. Esse congestionamento é exacerbado pelo complexo industrial vizinho de Cubatão e pelo planejado aeroporto metropolitano do Guarujá, destacando a necessidade de integração intermodal. "A hidrovia é fundamental e já existem vários estudos", continuou. "O que precisamos agora é tirá-lo do papel."
O apelo à ação é apoiado por prioridades nacionais. Fabrizio Pierdomêncio, ex-secretário nacional de Portos, reafirmou que o modal hidroviario é um compromisso estratégico do Ministério de Portos e Aeroportos. Por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, a projeção de R$ 4,1 bilhões é destinada a investimentos hidroviários até 2026. Esses recursos dependem de estudos de viabilidade que estão sendo desenvolvidos em parceria com a ANTAG (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). De acordo com Pierdomêncio, o governo está modelando ativamente estratégias de concessão que alinharão investimentos públicos e privados, desbloqueando o que ele descreve como "centenas de quilômetros" de potencial inexplorado para o trânsito de cargas e passageiros.
Anderson Pomini, diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos, enfatizou ainda a necessidade estratégica das hidrovias, ressaltando que a infraestrutura tradicional – ferroviária e rodoviária já está operando em sua capacidade máxima. "Se estamos discutindo a possibilidade de um novo modal, é porque continuamos crescendo e batendo recordes. Os números são positivos", disse Pomini. "E a hidrovia tem todo o potencial."
O ex-diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Autoridade Portuária de Santos (APS), Eduardo Lustoza, prefere o pragmatismo ao abordar a questão das hidrovias. Segundo ele, são necessários menos discurso e mais ação. "Precisamos avançar em alternativas para atender ao Complexo Portuário, abrindo espaço para implantação dos condomínios industriais integrados a portos fluviais. Onde houver demandas populacionais, teremos que entrar com hidrovias e transporte de passageiros, porque não haverá opção."
Além de melhorar a mobilidade urbana, o desenvolvimento da infraestrutura hidroviária oferece profundos benefícios econômicos, ambientais e sociais. De acordo com projeções baseadas em índices regionais de mão de obra da AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista), a implantação de um sistema hidroviário robusto poderia levar a um aumento de 20% no emprego, traduzindo-se em dezenas de milhares de novos empregos.
O Blue Economy Santos apoia fortemente esta iniciativa sendo que a AEAS (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos) quem incorpora este abrangente projeto com várias ações de sustentabilidade, dentre elas o “HIDROVIAS JÁ” uma de suas prioritárias.
Em conclusão, a Região de Santos encontra-se em uma encruzilhada. A convergência de vontade política, investimento estratégico e necessidade logística torna este momento uma oportunidade única para revitalizar, reorganizar e modernizar o transporte regional. Se realizados, os desenvolvimentos hidroviários não apenas aliviarão a pressão urbana e aumentarão a produtividade, mas também servirão como modelo replicável para infraestrutura sustentável e inclusiva em todo o Brasil.
Editado por: RethinkingWorks – Mathias Mangels com revisão de Eduardo Lustoza